No vídeo abaixo, eu mostro ao internauta uma negociação do começo ao fim. Acompanhem a matéria e sintam o drama que muitas pessoas, vítimas desse tipo de golpe, passam não nas mãos, mas na lábia dos bandidos.
PLINIO DELPHINO (JT)
Só neste ano, o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) registrou 900 chamadas para atendimento dos golpes do falso acidente e do falso sequestro na capital. A média é de 10 casos por dia, mas o número pode ser maior, pois muitas vítimas que caem na conversa dos bandidos têm vergonha e por isso não procuram a polícia.
A Polícia Militar ressalta que consegue auxiliar a vítima em 90% dos chamados. Segundo esses dados, em cerca de 90 casos os golpes deram resultadoe a vítima, no desespero, acabou pagando a quantia exigida pelo ladrão. Foi o caso da dona de casa Lourdes Martins da Nóbrega, de 84 anos. Ela foi vítima de uma quadrilha que simulou um acidente com a sua sobrinha e conseguiu tirar da idosa R$ 13 mil. “Pedi até empréstimo pensando que faria um bem à minha sobrinha. Não me ocorreu que pudesse ser um golpe.”
O delegado Genésio Leo Júnior disse que muitos idosos têm vergonha de registrar o crime por que seus parentes zombam ou recriminam sua falha. O delegado foi responsável por prender dois dos quatro criminosos que aplicaram o golpe do falso acidente em Lourdes. “Foi graças a meu sobrinho que descobri que a minha sobrinha não havia sofrido acidente”, afirmou a idosa.
A família de Liselotte Zauner Her, de 92 anos, preocupada com a idosa, já não permite que ela atenda telefonemas de desconhecidos. Quando isso ocorreu, há pouco mais de um ano, ela caiu em golpe do falso acidente e pagou R$ 7 mil a criminosos.
A soldado Kalinauskas, há 15 anos atendendo chamadas no Copom, garante que a grande maioria das vítimas é de idosos. “Costumam ser de classe média e têm no máximo dois filhos. Quem mais fala conosco são os homens. As mulheres se desesperam mais facilmente”, disse. A Polícia Civil não descarta a possibilidade de criminosos terem acesso a banco de dados de áreas ligadas à saúde, onde há contatos de idosos.
O tenente Cleodato Moisés do Nascimento, porta voz do Comando de Policiamento da Capital (CPC), lembrou que há também o golpe da pesquisa na entrada do cinema.” A vítima responde a falso questionário, fornecendo informações importantes aos criminosos. “Depois, desliga o celular e entra no cinema. É nesse momento que o bandido liga aos familiares simulando sequestro ou acidente”, conta. Segundo a PM, os golpes por telefone começaram a ser registrados com mais frequência a partir de 2006. Primeiro, foram as premiações de operadoras de celulares, que seriam pagas após a vítima comprar créditos de pré-pagos. Depois, de dentro das cadeias, veio a onda dos falsos sequestros. “Atendíamos 100 chamadas desse tipo por dia em 2008”, lembrou o tenente. “Como o teatro do sequestro ficou mais conhecido do público, agora criou-se o do acidente.”