Anônimos
Eu me misturo a todos eles
Em seus sóis, suores e sonhos,
Com a cabeça repousada
Por sobre os ombros.
Eu me misturo a todos eles
Em seus horrores, horas e honras,
De batalhas perdidas
E grilhões mantidos à sombra.
Eu me misturo a todos eles
Como uma colegial uniformizada,
Em sincronia com a fila
Na coreografia da passeata.
Eu me misturo a todos eles
Em cores pardas de papel de pão,
Como gado que sai do curral
Com pressa, sem saber aonde vão.
Eu me misturo a todos eles
Porque somos os mesmos então.
Não temos brasão nem sobrenome
Quando nosso nome é multidão.
Lívia Gusmão – 29/04/2011